Autor em Evidência

Meus amigos, é um absurdo o que está acontecendo com esses profissionais. Essa sim deve circular para todos nossos amigos.

Campanha “O AUTOR EM EVIDÊNCIA”.

Com adesão imediata de amigos compositores, dramaturgos e roteiristas, entre outros, Alfa Santos lança em Salvador a campanha “O Autor em Evidência” , que visa mobilizar a classe artística e o público de um modo geral em prol de agregar reconhecimento e melhorias nas formas e condições de arrecadação e distribuição dos direitos autorais, tendo como base a consciência de que é ele, o autor, o responsável pela proposta e o pontapé inicial no surgimento de toda obra. E nos dias de hoje, por praticidade (a qual Alfa Santos denomina de superficialidade) de informação, nem sequer menciona-se o nome desse profissional na apresentação, execução ou divulgação de quaisquer obra, sobretudo a musical, que está tendo em seu consumo um apuro muito menos expressivo.
Ressalte-se ainda que, mesmo parecendo “advogar em causa própria”, o objetivo de Alfa Santos com essa campanha é reconquistar o espaço e o reconhecimento que lhes foram abruptamente tomados por descuidos e insensibilidades na apreciação das obras de arte coletivas, desconsiderando-as como um trabalho de grupo em que (os componentes estando ou não diretamente ligados), seu êxito se deve a um conjunto de contribuições imprescindíveis para o destino irrefutável da mesma.
Contribuição do amigo, compositor Alfa Santos

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

SE POR ACASO, FOR, TUDO, DO ACASO?


Diante do sol, em uma tarde típica de verão, sentado à beira mar, olhando o horizonte e contemplando o pôr-do-sol, me deparei com a questão: Se tudo vier do acaso, por que existe o sofrimento? Se tudo for criado por um ser superior, por que existe não existe somente alegria? Qual pai ou até mesmo criador, não cuida de sua criação? Então comecei a organizar a caixa da minha vida, todas as experiências por ordem cronológica e de importância. Olhei para o céu e eis que vi duas aves voando sem destino, pareciam brincar. Como dois amantes correndo na areia junto ao mar, elas voavam de um lado para outro, usufruindo do ar quente e do vento, então me perguntei: Se tudo for criado pelo acaso, de onde vem a alegria, Sentimento antônimo à tristeza e sofrimento?
Voltei à minha caixa, imensamente desorganizada e me ative a um ponto e alguns itens. Infância e Adolescência, Nascimento e Criação.  Quando observei mais atentamente, pude ver quão desorganizado foi o processo. De quem é a culpa? Quem responsabilizaria por tanta bagunça nesta caixa tão pequena? Aliás, quem me deu esta caixa?
Se tudo nascer do acaso, de onde venho eu? Será que sou personagem de uma peça teatral que tem hora marcada para acabar e fechar as cortinas? O que fica por trás das cortinas? Quando encerra o espetáculo e as luzes acendem, o que permanece por trás das cortinas fechadas? Ao ver a quantidade de itens contidos na caixa, penso: ainda falta muito para as cortinas se fecharem. Este pensamento da duração da peça, duração do ato, duração da fala, duração do silêncio é inquietante, me tira do sério pensar que não sou protagonista da peça que foi escrita para mim, e na maior parte do tempo, não foi nem mesmo ensenada por mim. Vejo no fundo da caixa um livro, livro este com o título: Minhas Falas, e na parte inferior da capa tem escrito: por mim, ao folhear o livro observo branco em todas as páginas. Será que meu personagem não diz uma palavra? Será que não ensena em nenhum momento? Foi então que surgiu o pensamento: Se tudo vier do acaso, por que minhas falas não são redigidas por mim? Por que meus atos são dirigidos e escritos por outrem? Quem os escreve?
Se tudo deixar de vir do acaso, o que seria do futuro? O que seria da fluidez do tempo e da contemporâneidade? Se tudo já for previamente escrito, por que ninguém tem acesso ao final de cada ato, de cada cena, de cada peça teatral vital? O que aconteceria ao acaso, se o final do livro fosse revelado? Assistiria, você, a um filme que o final já é conhecido, como se fosse surpresa o seu final?
Se tudo deixar de nascer do acaso, o que seria do livre arbítrio? O que seria da livre escolha? O que seria da surpresa?.
Olho então para a caixa e quando estou para fechá-la, um senhor, muito idoso, e joga todos os itens ao chão, bagunçando-os tudo novamente, e eu olho pra ele desesperado e digo: “Por que comigo? Não estão tantas pessoas olhando, organizando e fechando suas caixas?” – Ao que ele me diz: “Você tem muito o que aprender com cada item que há nesta caixa, e a tua caixa ainda está vazia.” Após ter entendido o que ele disse, o agradeci e voltei a examinar item a item da minha caixa, ainda muito vazia.

                      Fernando Guedes